domingo, 2 de maio de 2010

"Triste Realidade"


Quem me conhece sabe muito bem qual a minha profissão: sou funcionário da ECT (empresa de correios e telégrfos), ou seja, aquela figura que passa todos os dias em frente de sua casa, de blusa amarela e calça azul, correndo dos cães arruaceiros e levando as correspondências vossas de cada dia. E nessas minhas idas e vindas, deparei-me um dia desses com uma triste realidade: uma mulher, não tinha mais que 35 anos, não pôde receber o Sedex que eu tinha para entregar por não saber escrever. Tudo bem que infelizmente estatísticas comprovam que ainda somos o segundo país com maior índice de analfabetismo, o que sugere que talvez deveríamos estar acostumados com tal fato, mas... Não consigo imaginar-me em tal situação. Um antigo professor meu costumava dizer-nos na sala de aula que o que nos difere dos demais animais é justamente a capacidade de ler e escrever. E como é maravilhoso o mundo da escrita, da leitura! Como é gostoso poder viajar, ir a lugares diversos sem ao menos sair do lugar. Como é gratificante poder transcrever uma emoção, um pensamento, uma idéia. Pessoas como esta mulher, que não sabem escrever, não sabem ler, perdem muito, e o que mais me entristece é a falta de interesse que a mesma demonstra com o quadro em que se encontra. É como se um viciado, mesmo ciente de sua desgraça, negasse ajuda, ou como se uma pessoa teimasse em amar alguém que não a valorizasse à altura. E já pensou se "O Eterno Retorno" de Nietzsche for verdade, ou seja, nossa vida se repetir eternamente da mesma maneira por toda a eternidade, exatamente tudo da mesma maneira? Esta pobre criatura estará fadada a ter sua vida ecoando eternamente sob a sombra da ignorância e da limitação intelectual? Não terá autonomia, nem dissernimento sobre determinados direitos seus? Tudo indica que sim. Às vezes me impressiono com os diferentes caminhos que podemos percorrer de acordo com nossas escolhas e interesses...

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