domingo, 7 de fevereiro de 2010

Minha "escola"...

Meu primeiro contato com o universo Hip-Hop foi na escola, meados de 94, onde os 'hits' radiofônicos ainda eram suportáveis, com batidas fortes e empolgantes, e na maioria das vezes com letras engajadas. Hoje em dia todos sabemos que não é bem assim, mas não vou perder meu domingo a falar das 'merdas' que assolam meus ouvidos, certo?
Voltemos a meados de 94: Época em que eu, na sétima série do ensino fundamental, não via a hora de que chegasse a hora do 'recreio' para ver a molecada ligar o microsystem e contagiar o pátio com Krs-One, Vanilla ice, Nature By Nature, Cypress Hill, entre outros nomes que faziam a cabeça da geração 'calça larga', que eu estava prestes a fazer parte. Não só ouviam a música na ocasião, mas também dançavam... E foi o que mais me atraiu a atenção: Passos ensaiados além dos movimentos característicos do 'break', como o giro de cabeça e o moinho de vento. Tudo aquilo me fascinava! Emprestava as fitas para copiar as músicas para mim, até tentava alguns movimentos, coreografias e tudo mais, mas com o tempo chegaria à conclusão de que não seria a dança o meu forte, e sim a poesia. Gostava dos assuntos tratados pelos artistas da época (racismo, pobreza, abuso de poder, etc), fiz parte de alguns grupos de Rap, escrevi algumas letras e percebi que todo aquele universo já estava cravado em meu peito, eu era mais um adepto da cultura Hip-Hop. Sofri algumas discriminações pelo fato de eu ser um branco inserido numa cultura negra, aos poucos fui desistindo da idéia de escrever (embora ainda me arrisque às vezes) e, ao adquirir o computador, descobri que poderia contribuir mais através das produções, criando batidas, selecionando samples. Idealizei, juntamente com meu eterno parceiro Carlos BR, o projeto Nômades Sapiens (www.myspace.com/nomadessapiensep), onde primeiramente era para ser um coletivo, uma crew, com MC's, B.Boys, Grafiteiros, além de expandirmos as fronteiras através de parcerias com artistas da dança contemporânea, poetas de rua, artistas plásticos. Mas fomos percebendo que quanto mais pessoas envolvidas, mais difícil seria do projeto se consolidar (pelo menos no nosso caso), sem contar a dificuldade de sermos levados a sério ao mencionarmos o então discriminado RAP. Decidimos seguir somente nós dois, onde eu produzia os beats além de escrever as letras juntamente com o BR, e embora não estejamos em atividade (devido a fatores profissionais e pessoais) ainda mantenho a chama acesa, e confesso ainda ter esperanças de continuar essa parceria.
Hoje em dia tenho pouco contato com o Hip-Hop, pra ser sincero me irrito com certas coisas que ocorrem na (pseudo)cena Araraquarense, assim como não tolero a maioria dos artistas de Rap do cenário nacional. Ainda faço alguns (poucos) trabalhos instrumentais para alguns MC's que considero, não espero reconhecimento de ninguém, mas gosto quando gostam do pouco que faço. Agradeço a toda essa história contada por eu ser quem sou hoje, eis minha escola, mas seria um desperdício da minha parte ficar alienado apenas a um único movimento cultural (o Hip-Hop) e seu respectivo gênero musical (o Rap), portanto fui reciclando-me com o passar do tempo. Hoje considero-me uma pessoa eclética, mas visando sempre a qualidade sonora (de acordo com meus ouvidos, claro). Não me desliguei totalmente do Rap porque ainda existem artistas dispostos a virem com uma proposta inovadora, ou se não inovadora, pelo menos mais fiel às raízes, além de prezarem pela qualidade sonora e poética. Não citarei nomes, porém deixo abaixo 2 motivos suficientes para eu ainda balançar a cabeça empolgadamente, como nos velhos tempos.


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